Recentemente, me deparei com um post sobre “alimentos que não deveriam existir“…
Lá estavam eles: refrigerantes, salgadinhos de pacote, biscoitos recheados e embutidos, como salsichas, presunto, entre outros.
Achei muito interessante essa ideia, mas preciso discordar. Eu diria, na verdade: alimentos que não são alimentos! Eles não são nutrientes, não foram desenvolvidos para fornecer energia, vitaminas, minerais e as substâncias essenciais que nosso corpo precisa para funcionar em sua plenitude.
O que são alimentos ultraprocessados e por que eles não nutrem?
São produtos ultraprocessados, criados artificialmente para gerar prazer. E, antes que alguém levante a bandeira do: “Mas a gente merece ser feliz!”, quero reforçar que, sim, merecemos — e muito!
A questão está em compreender que, ao optar por junk food, não estamos nos alimentando, e sim nos divertindo. Isso mesmo: comer biscoito recheado maratonando uma série ou aproveitar uma oferta com hambúrguer, batata frita e refrigerante no fim do expediente de sexta-feira é como beber cerveja com os amigos, tomar um vinho com o parceiro ou até pegar um voo para assistir ao show da Lady Gaga em Copacabana.
Você é quem vai decidir o quanto isso vale para você! Mas tenho certeza de que, se resolve “tomar todas” com amigas de infância para celebrar uma conquista profissional, não vai dizer que está se alimentando.
Comer ou se divertir? A diferença entre nutrir e apenas consumir
Alimentar-se é nutrir-se! É oferecer ao corpo — e, sobretudo, à mente — os elementos necessários para funcionar em equilíbrio. E aqui faço questão de enfatizar: em equilíbrio!
Porque tudo no corpo humano gira em torno do equilíbrio. Todas as inúmeras reações químicas e processos celulares, que acontecem sem que percebamos enquanto rolamos o feed, têm como objetivo manter esse equilíbrio — que nós, médicos, chamamos de homeostase.
Mas, antes que você desista da leitura achando que “está virando conversa de médico”, só trouxe a homeostase para a nossa mesa para que você compreenda algo que muitos médicos ainda não entendem: o seu corpo (e sua mente) continuará funcionando por muito tempo, mesmo que você priorize mais diversão do que nutrição — consumindo açúcar, gordura saturada, sódio e até álcool com frequência.
O impacto silencioso dos produtos ultraprocessados na sua saúde
Já reparou que você pode ter uma festinha de criança na quarta, um jantar com amigos na quinta, e que o final de semana pode começar na sexta à noite?
E, ainda assim, suas taxas podem permanecer dentro da normalidade. Talvez até seu peso esteja adequado, dependendo da sua genética. Mas tudo isso ocorre à custa de uma enorme sobrecarga em cada célula do seu corpo — até o momento em que o equilíbrio se rompe, como uma corda esticada até arrebentar.
É só nesse momento que você recebe um diagnóstico: seja de diabetes, hipertensão ou obesidade — a depender dos seus genes, que, no final das contas, decidirão onde a corda vai arrebentar.

Como fazer escolhas conscientes sem abrir mão do prazer
Então, você pode estar se perguntando: “Só me resta uma vida fitness, chata e sem graça, para ter saúde?”
De modo algum!
Quando temos conhecimento, especialmente sobre como funcionamos, ganhamos autonomia. E ter autonomia é justamente poder fazer escolhas conscientes!
É quando, ao decidir comer pizza, você escolhe uma pizzaria legal, com aquela pizza feita no forno a lenha, quentinha, com a massa do jeitinho que você gosta, cercada de boas companhias — são as pessoas que fazem a festa! — e, quem sabe, um bom vinho, uma cerveja gelada ou até aquele copo de Coca com gelo.
E então você aproveita cada milissegundo de prazer — e depois retoma o foco, porque, afinal, é preciso muito trabalho para conquistar o prêmio: a saúde e o bem-estar a longo prazo.